15 de nov. de 2011

Rocinha vive uma nova realidade

Rio (AE) - Com a ocupação da Rocinha, do Vidigal e da Chácara do Céu pelas forças de segurança, chegou a hora das promessas dos demais órgãos e instituições públicos. Obras, crédito, coleta de lixo e iluminação são alguns dos serviços que autoridades garantem que serão oferecidos em breve. A Secretaria de Estado de Assistência Social chegou a dizer que uma espécie de bondinho será construída na Rocinha em quatro meses. Presidente do Instituto Pereira Passos da Prefeitura do Rio, o economista Ricardo Henriques estabeleceu metas de curto, médio e longo prazos para as comunidades que receberão a 19ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Responsável pelo programa UPP Social, Henriques defendeu que é preciso substituir o impacto que o tráfico provocava na economia local. E que se estabeleça uma agenda de formalização da atividade econômica das favelas - em especial a Rocinha. Para ele, a regularização poderá ampliar o acesso dos moradores e comerciantes ao crédito e, com isso, substituir o papel que era cumprido pela rede do tráfico. "O objetivo é a integração com a cidade. Tem atividades que se resolvem em uma semana, outras levam meses ou mais tempo", disse Henriques. "A economia na Rocinha, por exemplo, é pungente. Para dar crédito para essas pessoas saindo da rede do tráfico, é preciso formalizar. Para isso, o comerciante tem de ter endereço para poder chegar ao sistema bancário. É uma cadeia que vai seguindo. Temos de formalizar a Rocinha", argumentou Henriques.

Esse é um desafio que já se mostrou na ocupação de várias favelas do Rio, mas que pode ser mais fácil na Rocinha. Censo realizado pelo governo estadual em 2009 mostrou que a renda mensal média de cada morador da Rocinha fica em torno de R$ 580 mensais. O alto porcentual de domicílios alugados (34%) revela um aquecido mercado imobiliário, mesmo que informal.

A Rocinha já recebeu em obras do PAC R$ 219,3 milhões. Com esse dinheiro, foram construídos um complexo esportivo, uma Unidade de Pronto-Atendimento, uma passarela projetada por Oscar Niemeyer. O dinheiro serviu também para urbanizar parte da comunidade. A promessa é de que mais R$ 100 milhões chegarão nos próximos meses. "Vamos ter a inauguração de biblioteca, centro cultural e parque ecológico", disse o secretário de Estado de Assistência Social, Rodrigo Neves. "O plano inclinado está em processo de implantação e custará R$ 100 milhões."

Ocupação foi feita sem confrontos

Rio (AE) - Sem disparar um único tiro, as forças de segurança, com o apoio de veículos blindados da Marinha, ocuparam as favelas da Rocinha e Vidigal na madrugada  de domingo. As comunidades, as duas mais expressivas da Zona Sul carioca que ainda estavam sob domínio do tráfico armado, receberão a 19ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) nos próximos meses. Ainda escuro, por volta das 4h10 da manhã, o silêncio da madrugada foi quebrado pelo rumor das esteiras mecânicas dos carros de combate da Marinha. Os três primeiros saíram do Túnel Zuzu Angel e margearam a Rocinha até começar a subida pela Estrada da Gávea - onde traficantes haviam derramado barris de óleo com o intuito de atrapalhar o avanço dos veículos. Cinco minutos depois, entraram em ação os primeiros três dos sete helicópteros das polícias fluminenses usados na operação.

Por volta das 12h50, soldados, inspetores, oficiais, coronéis, delegados estaduais e federais, além de centenas de pessoas acompanharam a rápida solenidade em que foram hasteadas as bandeiras do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro, na localidade conhecida como "curva do S", um dos pontos mais movimentados do morro.

Secretário sugere delação premiada

Rio (AE) - O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, defendeu ontemque seja oferecida ao traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe do tráfico na favela da Rocinha, "alguma medida judicial" para que revele o que sabe sobre a corrupção na Polícia. Sem falar explicitamente em delação premiada, instrumento que permite a redução de pena em troca de colaboração com a Justiça, o secretário afirmou que algum instrumento legal que estimulasse o traficante a dar informações à Corregedoria seria útil, mas também foi cauteloso em relação à veracidade das informações de Nem, que teria dito à Polícia Federal que metade do que faturava ia para policiais corruptos.

"Seria importante que ele pudesse contribuir com a Justiça e com a polícia. Qualquer palavra no depoimento dele será minuciosamente investigada", disse Beltrame à TV Globo, sem dar detalhes sobre o que Nem - preso na quarta-feira quando tentava fugir da Rocinha na mala de um carro - já falou. "Ele tem conhecimento não só da arquitetura do tráfico, mas do assédio que ele teria no que se refere à corrupção. 

Fonte: TN
Fonte: Goianinha190

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